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20 fevereiro 2014

MOTOCICLETAS: Crescimento exacerbado de frota preocupa

foto: divulgação
Reportagem: GERLLANY AMORIM
 
Nos 143 municípios do Estado do Pará, com exceção de Belém, Ananindeua e Barcarena, a frota de motocicletas é superior a dos demais veículos. De acordo com Carlos Valente, coordenador de Planejamento do Departamento Nacional de Trânsito (Detran), até meados de 2017, estima-se que os três municípios também entrem na lista e contabilizem essa frota de motos superior. No município de Santa Bárbara, por exemplo, 90% da frota de veículos são motocicletas. De 2008 até hoje, esse crescimento foi de 600%, segundo o Detran.

A preocupação com o aumento massificado desse tipo de veículo no trânsito, coloca em foco a questão da segurança. De acordo com o diretor Geral do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, Paulo Czrnhak, os números de veículos crescem proporcionalmente ao número de acidentes registrados. Só no HMUE, pelo menos 12 atendimentos à vítimas de acidentes envolvendo motocicletas são registrados diariamente, isso equivale a uma estimativa de um acidente a cada duas horas. De acordo com o Hospital, só no ano passado, 4.441 atendimentos para vítimas envolvidas em acidentes com motocicletas foram realizados. "Esse é um problema muito grave que deve ser observado com consciência pela sociedade. Conscientização e educação no trânsito são palavras-chave para evitar esse tipo de acidente que traz um custo altíssimo para o Governo no tratamento dessas vítimas. Esses que provocam muita dor tanto para os familiares, quanto para vítimas sobreviventes que precisam enfrentar longos períodos de recuperação, muitas vezes com sequelas parciais ou definitivas.", aconselhou.

O diretor explicou que todo paciente que dá entrada no HMUE vítima de acidentes com motocicleta, é classificado como paciente Politrauma, independente do nível de gravidade. Lá existe uma equipe de cinco especialistas que realizam o procedimento com realização de tomografias, raio-x ou ressonância magnética e os exames laboratoriais. Depois então é diagnosticado se é paciente grave ou gravíssimo, para ser submetido às cirurgias e se for o caso, dar entrada da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). "Este é um tratamento de custo altíssimo, que além da permanência no leito, seja de UTI ou enfermaria, o paciente ainda permanece em tratamento pós-alta médica, com acompanhamento por fisioterapeuta, fonoaudiólogos, etc. Ou seja, algo que muito bem poderia ser evitado com um pouco mais de prudência e atenção desses condutores, acaba por tomando leitos de pacientes das demais patologias. É preciso ter consciência.", explicou Paulo Czrnhak. "Exatamente hoje, no HMUE, 75% dos leitos de UTI estão ocupados por vítimas de acidentes no trânsito", disse.

O despachante técnico de empresa aérea, Tiago Neto, trabalha no aeroporto de Belém na madrugada, mas por dois anos e meio um acidente de moto o deixou afastado do trabalho. Foram cinco cirurgias na perna, com a necessidade de aplicação de sôro em média quatro vezes por semana. "No início eu pensei que não fosse mais poder fazer nada do que gostava na vida, como por exemplo a musculação, o que me causou um princípio de depressão. Na época eu era Modelo de passarela, participava com frequência de desfiles e isso também me abalou muito. Agora não posso mais desfilar pois uso palmilha no sapato para compensar a diferença que fiquei no fêmur.", relatou. O mototaxista Diogo Oliveira também foi vítima de um acidente em sua motocicleta, quando voltava de uma universidade onde tinha ido deixar a esposa. "Eu vinha passando quando um homem abriu a porta do caminhão sem prestar atenção. Pegou todo o meu lado esquerdo e eu fiquei muito machucado", contou. Os dois concordam que a maioria dos acidentes são causados por conta da imprudência dos motoristas em geral. "É preciso saber respeitar. Dar a preferência. E não essa bagunça que está em Belém", opinou Diogo.

MAIS RIGOR NA HABILITAÇÃO - Carlos Valente, do Detran, questiona o modo como é feita a habilitação desse condutor para o trânsito. "O condutor da categoria A, é pouco cobrado durante o processo de habilitação. Enquanto hoje em dia, o condutor que está se habilitando para dirigir carro, precisa ser submetido a testes mais rigorosos, com aulas sobre sinalização, direção, inclusive com aulas no simulador para estar apto ao trânsito, o condutor da moto só é avaliado a questão do equilíbrio em provas dentro de um espaço restrito. Isto acaba por colocar no trânsito, motociclistas não tão rigorosamente preparados", ressaltou. O coordenador garantiu que o Detran tem participado de reuniões a nível nacional, onde tem cobrado para o que exame para a habilitação de motociclistas seja mais rígido.

NÚMEROS - Segundo dados do Detran, de janeiro a julho de 2012 foram registrados 6.026 acidentes envolvendo motocicletas em todo o Pará, onde 311 vítimas faleceram. Somente em Belém, nesse mesmo período, houve registro de 1.602 acidentes com 15 óbitos. De acordo com Carlos Valente, de cada 10 vítimas de acidentes no trânsito, oito eram condutores ou passageiros de motocicletas, e a cada 15 vítimas, cinco delas eram pedestres que foram atropelados por motociclistas. Ainda de acordo com Detran, a frota atual registrada no Pará é de 1.410.000 veículos, destes, 733 mil são motocicletas.

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